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O projeto Inhã Uchô, alicerçado no espaço do Parque Municipal de Resende ou nas dependências do Parque Estadual da Pedra Selada (PEPS), legitima a Mantiqueira- com sua vida plena- e o Povo Puri como Patrimônio Imaterial e Histórico da Região de Visconde de Mauá (Amana Tykyra) – Resende. Representa um movimento e uma produção material com valores capazes de expressar a vida de não humanos, das águas, da Floresta Mata Atlântica e das oralidades, história e cultura do Povo Puri. Como uma grande habitação originária, representa um espaço físico para encontros, oralidade, estudo da língua, exposição de nossa arte, dentre outras finalidades.

É importante considerar o trecho da Constituição de 1988 que afirma ser dever do Estado e da sociedade “proteger as manifestações das culturas populares, inclusive indígenas” (Art. 215) e garantir “o respeito à utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem’’ (…). O Espaço de Memória garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e do acesso às fontes da cultura nacional, apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais do Povo Puri, como também irá acolher os povos tradicionais e afro-brasileiros da região do PEPS.

Atentamos que se faz necessário salvaguardar as premissas originárias para o espaço como local sagrado para os povos da floresta, não podendo este ser utilizado para fins de entretenimento, como shows e encontros, que não estejam em recíproca com as causas e valores dos Povos Originários. Lembramos que a estrutura e inspiração para nosso espaço é o modelo da Oca Pataxó, cedida generosamente por este povo, por meio de Arassari Pataxó, para nós, Puri. Também vários parentes de povos de todo o Brasil enviaram cartas em apoio, como os Guarani, Xavante, Potiguara, Pataxó, Krahô, dentre outros.

No Espaço Inhã Uchô, serão realizados encontros com mulheres e homens Puri. Na escuta das percepções e sentimentos, reconstruiremos os fatos (Memória) e registraremos fragmentos do idioma, assim como as peculiaridades do povo; registraremos dinâmicas organizativas e perfil dos integrantes dos grupos Puri que vivem no contexto das cidades na Serra da Mantiqueira; criaremos redes de estudos de idiomas indígenas; faremos a difusão da cultura Puri como povo Originário da região, por meio do fortalecimento da palavra escrita e da cultura como elementos de aprendizagem; integraremos atividades com as escolas da região e com a população local. Os referidos encontros serão abertos à sociedade não indígena e aos aliados.

›› Identificação dos elementos de herança originária entre os moradores das cidades do entorno; 

›› Fortalecimento dos significativos elos de identidade e representações Originárias, recebendo povos de variados grupos do país para troca de saberes;

›› Desenvolvimento do turismo étnico e didático; 

›› Cursos, seminários que contemplem os Povos Originários brasileiros, assim como a resistência de seus protagonistas; 

›› Revitalização das hortas medicinais; 

›› Validação do processo de produção da farinha de pinhão como legado do povo Puri da região. 

Faz-se também necessário reafirmar nosso compromisso de salvaguardar o direito à água por ela mesma para que flua, alimentando a tudo e todos, não podendo ser rotulada, aprisionada e taxada, sob pena de condenar à morte pessoas e organismos dela dependentes e que não teriam como pagar por ela, garantindo assim os mesmos direitos de vida aos não humanos e humanos.

Intentamos a criação efetiva de um espaço de Memória Puri que possa desenvolver o turismo etno-ecológico e as ações que se desdobram desta iniciativa, como cursos, plantios, reflorestamento, distribuição de sementes crioulas, produção de horta medicinal com plantas nativas da Mata Atlântica, produção e distribuição de mudas de árvores da Mata Atlântica, cursos sobre as Culturas Indígenas, cursos sobre Idiomas Indígenas, seminários de Culturas Indígenas, dentre outros. Com o espaço, propiciaremos:

• História do Povo Puri e da Mantiqueira no decorrer do trajeto da Pedra Sonora ao Espaço Inhã Uchô;
• Garantia da liberdade aos cursos das águas e preservação de sua vida aquática, em especial, ao rio Preto e às fontes que o compõem;
• Apoio à produção de comida tradicional do povo Puri, como a farinha de pinhão, que envolve o conhecimento sobre a araucária;
• Preservação de espécies da fauna e flora e distribuição de mudas e sementes da flora local;
• Transferência do conhecimento dos povos originários/ indígenas entre gerações;
• Manutenção e plantio das Araucárias, árvore sagrada pera o Povo Puri, Anciã da Terra das águas;
• Garantia de direito à vida e à biodiversidade regional;
• Espaço para acolhida e desenvolvimento das abelhas nativas Jataí e Mandaçaia;
• Promoção de políticas de engajamento dos povos originários com ênfase Puri da Mantiqueira.